Tínhamos medo não só de degustar a manga, mas também da temida “vara de marmelo” caso desobedecesse a nossa avó e, “sobrevivesse”. Mas de onde a comunidade adquiriu este “conhecimento”? É mito ou verdade? Vamos aos esclarecimentos.
Cultivada inicialmente pelos portugueses, através do trabalho dos escravos, esta fruta maravilhosa não poderia deixar de originar lendas. Algumas se mantém até hoje em certas regiões. As gerações mais velhas, com certeza, ainda conhecem o dito popular. “A manga de manhã é ouro, à tarde é prata e à noite, mata”. Quem nunca ouviu esta célebre frase? Pois saiba que esta história foi criada com a intenção de preservar a manga da fome dos escravos, pois alegavam que era fruta nobre, que deveria ser saboreada apenas pelos Senhores. Como durante o dia os escravos estavam trabalhando e não tinham tempo de roubá-la diziam que pela manhã e à tarde era boa, mas à noite, quando eles podiam pegá-las às escondidas, fazia mal.
A folclórica combinação leite e manga nasceu com a mesma finalidade. Leite, naquela época, havia em fartura nas fazendas e geralmente era distribuído aos escravos à noite. Nada melhor que amedrontá-los com a possibilidade de morrerem com a mistura dos dois para dissuadi-los a não se apoderarem dos frutos na única hora em que podiam fazê-lo.
Até hoje a força da crendice se manifesta, e há pessoas que evitam ingeri-las à noite, com medo de difícil digestão. São raros os que não dão bem com a manga e, no caso dos que abusam na quantidade, o povo recomenda que se beba três goles de água depois de comê-las.
Quanto à mistura com leite, a crença poderia ter-se extinguido à época da abolição ou quando as mangueiras começaram a se propagar pelo Brasil. No entanto muita gente ainda, acredita e segue à risca esses mitos do passado. Na verdade, antes de fazer mal, a combinação manga e leite faz é muito bem para a saúde, representando uma dupla altamente nutritiva.
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