sexta-feira, 12 de setembro de 2008

Um pouco de história...

Camisinhas antigas eram feitas de crina de mula, papel e até casco de tartaruga...

Quem reclama de ter que usar camisinha para se proteger de doenças sexualmente transmissíveis e de uma gravidez indesejada deveria agradecer por elas serem como são hoje. O sexo poderia ser muito pior se, em vez de ter que encapar o pênis num plástico fino, tivéssemos que usar pêlos de crina de mula, uma capa de papel de seda untado em óleo ou mesmo uma carapaça feita de casco de tartaruga. Foi assim que, ao longo da história, o homem tentou encontrar um meio mais seguro de manter relações sexuais.

As primeiras menções escritas à camisinha estão no Egito Antigo. De acordo com Aine Collier, professora da Universidade de Maryland, nos EUA, e autora do livro "The Humble Little Condom: A History" ('A Pobre pequena camisinha: uma história', inédito em português), "o rico egípcio usava finas camisinhas de papiro e garantiam que elas estariam salvas após a sua morte, elaborando coberturas para o pênis feitas de couro e pele".

Segundo a autora, em entrevista ao G1, por e-mail, a camisinha também era mencionada na poesia grega. Mas foi na Idade Média que as práticas de prevenção atingiram o ápice da criatividade.

Foto: Arte/G1

Ilustração mostra como seria uma camisinha de intestino de porco. Segundo a autora Collier, ainda há divergências sobre qual seria a data da camisinha mais antiga preservada (Foto: Arte/G1)

Segundo Collier, homens e mulheres eram aconselhados a usar uma cobertura de pêlos de crina de mula durante o sexo. "Eles acreditavam que o artefato era mágico e prevenia a gravidez". Outra forma inusitada de proteção era a usada durante o Renascimento, quando mulheres colocavam aranhas mortas embaixo do braço para tentar não engravidar. "Claro que nada disso funcionava", diz Collier.

"No século XIX, mulheres alemãs bebiam chás feitos de folhas de árvores que não davam frutos, pois elas acreditavam que se as árvores não davam frutos elas também não engravidariam."

Segundo um artigo sobre a história da camisinha publicado pela Real Sociedade de Medicina inglesa, os chineses usavam uma camisinha de papel de seda antigo e os japoneses costumavam usar uma carapaça feita de casco de tartaruga ou de couro fino. Na Europa, as camisinhas originais eram feitas de intestino de ovelha, bezerro ou cabra. Esses tipos ainda são fabricados hoje. Mais caros e com o incômodo extra de ter uma costura, são comprados principalmente por pessoas que têm alergia ao látex.

O anatomista Gabriello Fallopio fez, em 1564, uma pesquisa com camisinhas, publicada dois anos antes de sua morte. Segundo o artigo da Real Sociedade de Medicina inglesa, ele clama ter inventado a carapuça de linho que protegia contra a sífilis. Seu experimento foi testado em 1100 homens, e nenhum deles foi infectado.

Enfim, o plástico

Após Charles Goodyear ter inventado o processo de vulcanização da borracha, por volta de 1840, produtores norte-americanos usaram pela vez a substância, fazendo uma camisinha dura, grossa e desconfortável. A maioria dos homens e mulheres ainda preferia o produto de origem animal até o final do século XIX, qaundo alemães melhoraram o produto, deixando-o mais confortável.

Proibições

A camisinha foi proibida muitas vezes na história - e ainda é condenada pela igreja Católica. Segundo a autora Collier, os nazistas a proibiram em toda Alemanha. "O mesmo ocorreu na Itália e Espanha. Os franceses baniram a camisinha após a Segunda Guerra Mundial - eles tinham perdido tantos homens que temiam que a população diminuísse drasticamente."

Nos Estados Unidos, uma lei de 1870 proibiu seu uso. "Elas ainda eram fabricadas, vendidas e usadas em segredo até o século XX" , explica a autora.


Casas de banho da Roma Antiga eram loja, biblioteca e prostíbulo num só lugar...

Imagine um só lugar onde você possa fazer compras, alugar livros, fazer ginástica e trilhas, ver obras de arte, comer, tomar um banho quente e até contratar uma prostituta. Pois assim eram as casas de banho da Roma Antiga. Em pleno século II A.C., os romanos criaram estabelecimentos que concentravam tudo o que a vida social exigia - e de graça. As construções eram enormes e chegavam a abrigar milhares de banhistas.

O ato de banhar-se era visto mais como uma atividade social do que como um ritual de higiene para os romanos. Era nas termas que eles fechavam negócios, falavam de política e fofocavam. Os banhos tinham horários separados para homens e mulheres e eram liberados para escravos.

Ilustração mostra como seria uma casa de banho da Roma antiga (Foto: Arte/G1)

Segundo Katherine Ashenburg, autora do recém lançado "Passando a limpo - O banho da Roma antiga até hoje", "eles faziam o banho ser parte da vida social, um lugar em que eles passavam algumas horas do dia. Era como nossos clubes, nossos cafés, nossos spas. Eles podiam fechar negócios e contratar uma prostituta no mesmo lugar."

As termas de Dioclécio chegaram a acolher até 3 mil banhistas e tinham 13 hectares. As de Caracala, que hoje são ruinas bem conservadas, tiveram mais de 11 hectares.

Água quente

Os romanos tinham um sistema próprio para esquentar a água e distribuir o calor para as várias salas e piscinas. Chamado hipocausto, o método consistia em uma fornalha que esquentava o ar e o espalhava pelos espaços ocos das paredes e subsolos. As águas eram aquecidas em calderões e espalhadas por bombas e canos de chumbo.

Prostíbulos

Apesar de haver uma lei moral que impedia mulheres de se banharem com homens, não havia nenhuma proibição formal para isso. Não eram poucas as mulheres que preferiam comprometer sua reputação a abrir mão de um prazer dentro das casas de banho.

Antiga casa de banho preservada na região de Bath, 160 km de Londres, na inglaterra (Foto: Marília Juste/G1)

Em conseqüência, quanto mais as termas entravam na moda, mais escândalos de prostituição e promiscuidade surgiam. Para cortá-los pela raiz, entre os anos 117 e 138, Adriano emitiu um decreto que separou os banhos, reservando horas diferentes para homens e mulheres.

Mas isso não impediu a prostituição dentro das casas. De acordo com Ashenburg, "a prostituição dentro das casas de banho era normal e acredito que eram coisas normais na sociedade romana".

Declínio

Com o fim do império romano e a ascensão do cristianismo, as termas entraram em decadência. A cultura do banho romano desapareceu lentamente e as termas viraram elemento de domínio aristocrático nos séculos VIII e IX. A Idade Média chegou e repudiou tanto a prática dos banhos comunitários como quase qualquer lavagem feita com água. "Foi o período mais sujo da história", explica Ashenburg.


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